Os efeitos do isolamento social na saúde emocional

Pact - Prevenção e Reabilitação Integral - Notícia - Os efeitos do isolamento social na saúde emocional

O isolamento social imposto pela COVID-19 trouxe consequências emocionais diversas e muitas vezes paradoxais.

Se você não está confuso nesse momento, procure um terapeuta porque você tem um problema, e ele não é o coronavírus. Isso quer dizer que a oscilação de pensamentos e de estado emocionais é esperada e natural.

A frase mais ouvida é: Fique em Casa. A nossa primeira casa é nosso corpo. O nosso corpo é a síntese mais evidente do nosso passado no presente.

O ato de ter que ficar em casa, muitas vezes algo desejado por muitos, trouxe a tona a dificuldade de entrar em contato com si mesmo e de sentir e refletir o seu EU. Esse encontro com o EU pode trazer muitas lembranças que chegam através das fotos, das comidas, das faxinas, das conversas com os familiares em casa e também através na pele. É uma época onde sentimentos difusos, alegrias e frustrações podem deixar a sensibilidade a “flor da pele”.

O afastamento pode trazer questões subjetivas como sentimentos de rejeição, abandono, incapacidade de suportar a distância, estados regressivos por conta do período de separação e carências, ou autossuficiência que pode se manifestar por indiferença e um desejo de deixar a terapia, numa atuação da raiva contra o terapeuta que o “abandonou”.

A subjetividade que a pandemia causa pode gerar angústia diante do novo e provocar ansiedade naqueles que sentem necessidades de controle, podendo levar a sintomas físicos, como por exemplo, taquicardia, falta de ar e sudorese.

O medo dá contaminação e da própria morte e da morte do outro e o descontrole dos planos e metas são as angústias mais frequentes e paralisantes dos indivíduos. Precisamos falar da morte e das fantasias que ela nos traz. A grande questão que envolve a morte, na verdade, é a vida. Como vivemos? Os nossos dias são devidamente aproveitados ou vamos chegar ao fim desta jornada cheios de arrependimento pelo que fizemos ou, pior, pelo que não fizemos? No caso do covid- 19 ainda pode existir a dor de um luto duplo, sem despedidas.

Portanto, o autoconhecimento é uma ferramenta essencial nesse momento, inclusive para os terapeutas, que também são humanos e tem muitas questões individuais. Nesse momento cada um de nós é ao mesmo tempo, solução/problema, vítima/responsável, causa/consequência e emissor/receptor.

Vivemos um excesso de informações e então se faz importante valorizarmos as formações. No caso da terapia morfoanalítica é a formação que alicerça todo o processo. O valor da experiência sutil e do toque empático por 4 anos e meio faz toda a diferença na clinica. E quando nos deparamos com essa guerra invisível do vírus, é espontâneo para o terapeuta esse aceso ao invisível. Nesse momento é muito importante que o terapeuta realize sua terapia pessoal e que faça supervisões regulares. Além disso, o terapeuta tem que estar ativo e informado para pensar e sentir junto todas essas novidades que o vírus trouxe.

Nesse e em outros contextos a proposta da Terapia Morfoanalítica é oferecer um espaço, no tempo e no corpo, para o re-encontro destas histórias impressas na pele. Oferecer uma qualidade de escuta capaz de integrar os laços entre o corpo e a mente, favorecendo assim o surgimento e o fortalecimento do EU verdadeiro. Quando realizamos um trabalho corporal estamos simultaneamente no tempo real e no tempo da história do paciente. Os cuidados corporais servem de base para restaurar as vias de comunicação entre corpo, pensamentos e sentimentos. 

Mas, e agora que o com-tato e o toque são proibidos, indesejados e podem transmitir o vírus? Nesse momento continuamos com o invisível da qualidade de presença e escuta, do olhar profundo e empático e com a consciência corporal a partir das memorias trabalhadas juntos no consultório. O corpo é como um disco de vinil guarda as músicas ruins e boas também.

A experiência do atendimento online é auxiliar nesse período e tem efeitos surpreendentes, os feedbacks positivos e consequentemente é possível muito acolhimento e transformações. .A saúde é um equilíbrio interno, e a integração contínua do trabalho corporal, emocional e verbal da Terapia Morfoanalítica, possibilita uma relação mais justa consigo mesmo e com os outros.

Além disso, a responsabilidade de autocuidado pode ser exercitada agora com bons cuidados consigo mesmo e de sua própria imunidade, com bons alimentos físicos e psíquicos, contato com a natureza e exercício das relações humanas mesmo virtualmente. O cuidado físico e psíquico é o melhor presente que podemos nos oferecer e compartilhar com aqueles que amamos.

Fernanda Stellutti Pachioni Pernas é Terapeuta Morfoanalista e atende na Clinica Pact, quer saber mais ? Entre em contato através do telefone: (18)99611.7123